sábado, 7 de novembro de 2009

repostagem: ardendo de prazer

Ela era uma deusa. Ou um demônio.
Trepávamos em tapetes de sangue, onde ela me acariciava a barriga com pontas de facas.
Ela era o anjo caído, que me agarrava pela cintura com suas mãos fortes de laço, nos atirando aos porões dos infernos mais quentes e perversos.
Incansável. Dionísio decadente. Fauno maquiavélico.
Coladas, rolávamos pelo chão de todos os cômodos, com a urgência de animais devorando-se mutuamente, com os dentes e as garras à mostra. Urros de prazer pela casa vazia, cheia de sombras dos nossos corpos nus, bebericando em taças de cristal vinhos deliciosamente tintos e secos.
Fluídos dos corpos, líquidos misturados, sangue, baba e esperma e ao longe o toque agudo e doentio dos violinos cortando a noite. Noites desesperadas de luxúria. Oferendas a deuses pagãos. Carne crua. Nossos corpos besuntados em óleos perfumados, sempre nuas, sempre expostas, sempre unidas em pecado e prazer.
Maldita deusa de prazer que congelou com o fogo dos seus olhos minhas últimas resistências e me fez abandonar para sempre minhas decências, entregando-me em um ritual macabro, com velas e flores. Fez-me sua deusa, vassala, cortesã, serva, rainha, amada, escrava, tirana, mulher para todo o sempre e assim será.
Suas unhas em brasa ferem as minhas costas e agora o gemido é mais longo. Dor e delícia se unem debilmente. Meus dentes cravam na carne macia do teu pescoço, onde escorre um filete de sangue doce. Minhas pernas laçam as suas, tornando-se únicas, pregadas, amarradas com laços invisíveis de veludo. Bailamos encaixadas, por toda a sala ampla, as cortinas das imensas janelas abertas tremulando pela ventania da noite lá fora, ao som da orquestra de mil violinos que agora ecoa dentro do ambiente.
Lágrimas e risos. Os peitos arfam. As mãos tremem. Nossos olhos injetados devoram uma a outra como flechas envenenadas.
Tudo gira, o mundo se abre em fendas vulcânicas, lavas ferventes, faíscas, perfumes densos de almíscar, luzes e sombras. Rodamos e rodamos gritando e sorrindo até que a onda vem, explode em mil luzes e nos faz cair ao chão exaustas e satisfeitas, desprotegidas em nossa inocência de termos superado todos os limites.

Um comentário:

Unknown disse...

=O ... Lindooo Lindooo ! Parabéns Joana e Jyan !! *.*

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